terça-feira, 19 de abril de 2016

21 - Iodoterapia segundo dia

                                                    


                                                     Me arrependi amargamente de ter comido com tamanho olhão tudo aquilo. Cada um tem um organismo, cada um tem um tipo de alimentação e as reações são muito diferentes. Variam muito de pessoa para pessoa. Eu enjoei de verdade, fiquei sentada no banheiro, "chamando Raul" no vazo sanitário. Jesus Amado! Porque fiz aquilo? eu deveria saber! (bem fui avisada pelos médicos mas não levei em conta) Hoje sei porque me olhavam com aquela cara quando eu perguntava se poderia comer minhas coisinhas...... já sabiam...... me avisaram: - Você pode enjoar......
                                                     Comecei a passar mal, uma dor de cabeça horrorosa, não conseguia mais comer absolutamente nada. Muita gente dizia: - Não senti nada, outros diziam: - senti isso, aquilo.... mas  acredito também que varia muito da quantidade do iodo que se ingere. Tem quem beba 40, 50... eu bebi 150. Pelo amor de Deus! senti fraqueza, suei frio e tudo mais. Pedia por telefone plasil para os enjoos e remédios para dor de cabeça. Foi um pesadelo! meu segundo dia foi péssimo. Meus olhos doíam como se eu estivesse no auge de uma crise de enxaqueca. Foi barra pesada no meu caso. Que raiva me deu de quem afirma  que esse  tipo de câncer é "bonzinho". Bonzinho é @#'%¨&%0 . Pode ter maiores chances de cura dependendo do tipo, da idade da pessoa, das doenças pré existentes, nossa.....depende de tanta coisa gente..... não dá para transformar uma doença que te deixa debilitada juntamente com a falta de hormônios, iodo radioativo dose barra pesada,  em uma doença "boazinha " comparando  com os outros. Câncer é câncer. O de mama pode ser melhor do que o de pulmão para uns e fatal para outros, ou vice versa.... e com metástases então...... pior ainda! pronto falei!
                                                      Terminei a noite daquele jeito.  Só via os bracinhos esticados colocando a alimentação na mesa junto com  um bom dia, boa tarde e boa noite dos enfermeiros  que ao final eu nem conseguia responder nem tocar mais em nada.  Mandei uma mensagem  para meu filho e irmã e pedia para eles repassarem porque eu não tinha a menor condição de digitar nada ou ver vídeos engraçadinhos que me mandavam (depois de quatro dias que pude  ver).
                                                       Tomava banho sozinha nem sei como. Realmente a experiência não foi tranquila nem favorável. A única coisa que eu fazia era pedir a Deus que eu ficasse boa logo e principalmente que eu não precisasse passar por tudo aquilo novamente porque existem casos que é necessário uma segunda dose e eu já entrava em pânico só de imaginar.
                                                        Gosto de estar preparada para as minhas batalhas, mas dessa vez superestimei o inimigo. Achei que ia passar impune por aquilo, mas foi uma grande lição.
                                                        Além disso tudo eu não conseguia sentir cheiros, barulho de TV, claridade, tudo me incomodava. A única coisa boa é que no dia seguinte eu estaria em casa e  no meu cantinho eu com certeza me sentiria melhor.  O dia seguinte chegou e às 10 h da manhã fui liberada. Ouvi as instruções do médico nuclear (ouvi  coisa nenhuma,  depois li tudo que ele falou porque estava no papel).  Ele mediu minha radiação logo após eu beber o iodo quando internei  e  antes de ir para casa. Disse que estava bem baixa e eu deveria fazer os procedimentos de segurança de praxe.  Ele perguntou se estava tudo bem e eu respondi que ficaria depois que eu vomitasse novamente. Ele mais do que rapidamente saiu do quarto e eu corri para o banheiro.  Coloquei para fora sei lá mais o que, o estômago doía e tomei um banho. Me senti um pouco melhor. Peguei um taxi e em dez  minutos estava em casa.

3 comentários:

  1. Querida, a forma como você narra os fatos, nos faz sentir a sua agonia, parece que estou lendo um best-seller, e me encanta a forma leve que você enfrenta tudo isso. Você é uma guerreira.

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  2. Querida, a forma como você narra os fatos, nos faz sentir a sua agonia, parece que estou lendo um best-seller, e me encanta a forma leve que você enfrenta tudo isso. Você é uma guerreira.

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  3. Estou passando o que sinto, os fatos na minha ótica, e fico feliz em alcançar os sentimentos das pessoas. Bjs!

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