quinta-feira, 31 de março de 2016

2 - O enredo

 
 
                            
 
 


                                                          Sabe aqueles filmes que começam no meio e depois volta no tempo para iniciar a história? Farei assim então...
                                                          Meu nome é Marcia, tenho 55 anos e sou divorciada. Há quatro anos, após me aposentar como Capitão da Polícia Militar do Rio de janeiro, por ter cumprido meus 30 anos de serviço, resolvi ter uma vida mais tranquila e aproveitar o tempo livre que tenho! 
Pensei em mudar o estilo de vida. Fazer um curso de inglês? Talvez...fazer dança? Quem sabe.....Sair por aí, sem lenço e sem documento? Isso não....sou militar!
                                                         Como sempre, não pensei muito. Tracei o plano estratégico e coloquei em prática: Vendi uma casa, relativamente grande, onde morava com meu filho, nora e uma neta recém nascida, na Zona Oeste do Rio de janeiro (meu filho me acusou de abandono de lar, rs). Comprei outra, um pouco menor, melhor localizada. Aluguei um micro apartamento na Zona Sul, mas aconchegante para mim e Milly Maria (minha peluda misturinha de shit su e York). Ela tinha 10 anos e é minha fiel companhia!! 
                                                         Tudo deu certo. Em pouco tempo, me instalei, e comecei a viver minha vida em plena de liberdade! As almejadas férias eternas, vivendo em um dos lugares mais lindos do mundo, com a orla por testemunha. Só que não! as coisas não aconteceram do jeito que minha mente imaginou...
                                                        Na prática, eu senti falta da vida regrada, da família e percebi que não estava bem! Chorava com saudades e não conseguia lidar com aquilo tudo... "O que é que vou fazer com essa tal liberdade...." Até que Mônica, minha irmã querida, conversou comigo, e sentindo que eu já não estava mais com as rédeas da minha vida nas mãos, que estava sofrendo, me orientou a procurar uma psicóloga e fazer terapia.
                                                        Mônica é psicóloga e tenho um orgulho imenso dela. Infelizmente, por sermos parentes eu não poderia fazer tratamento com ela. Consegui uma maravilhosa no bairro onde moro e iniciei a terapia. Paralelamente, iniciei um trabalho novo, próximo de casa, numa associação de militares. No fundo e no raso, também estava montando o modelo antigo de vida!  Estava a ponto de trazer as crianças para morar comigo em um apartamento maior, mas graças a Deus, e a psicóloga essa sandice não durou muito... rsrsrs...
                                                        Aos poucos, fui melhorando, lidando com as adversidades, mesmo porque eu produzo uma endorfina de ótima qualidade no cérebro...rsrsrs!! Não precisei de remedinho de falsa felicidade, de tarja preta, mesmo porque isso é muito sério. Tem pessoas que necessitam de verdade, outras que não querem lidar de frente com seus monstros, se escondem através de subterfúgios, sem ao menos passar por um especialista. Virou moda e essa não me pega!! 
                                                       Minha vida foi tomando o rumo que eu havia planejado...então, em um final de semana, caminhando pela orla conheci um italiano com a minha idade, solteiro, sem filhos e sem ex neurótica (não é o ET de varginha)!  Ele existe e foi reserva especial de Deus! Safra de 1960 limitada!  Ficamos amigos e após um ano começamos a namorar. Precisei abrir mão do trabalho, por conta dos planos de casamento. Gente, arrumar um príncipe aos 18 já é difícil, que dirá um imperador aos 54!
                                                        Eu estava super feliz, e entre viagens e Skype, nós nos aproximamos cada vez mais. Uma conhecida comentou: "Você é uma sortuda FDP...". Eu respondi: "Nunca tive sorte. Tenho fé e planejamento! Optei por estar no lugar certo, na hora certa e com a roupa e batom favoráveis!!" 
                                                        Sempre planejei minha vida! Claro que nem tudo acontece do jeito que planejamos... Ai entra a fé!!...Fé que vai dar certo, fé que os nossos desejos possam se cruzar com a vontade de Deus!
                                              


 

quarta-feira, 30 de março de 2016

1-Meu coração 1% vagabundo

                 

                                         Novembro de 2015... vida correndo solta, verão bombando! Como de costume, eu me preparava para uma boa corridinha na praia, antes de iniciar meus afazeres domésticos. 
                                          Uma aposentada que optou por levar uma vida livre, desencanada e  super saudável! Até aí beleza..... a não ser por um acontecimento estranho que começou a mudar minha vida.  
                                          Estava pronta, no banheiro prendendo os cabelos (eram maiores), quando de repente, senti uma pressão no peito, como se algo pesado me esmagasse por dentro. Pensei, que diabos é isso?  Gases?  Infarto? Pelo sim, pelo não, apliquei em mim mesma as técnicas de primeiros socorros, como fazia com outras pessoas quando estava na ativa, como policial militar. 
 Respirei fundo, desacelerei, controlei os pensamentos mórbidos e  com passos lentos mas equilibrados, me dirigi até a porta principal do meu apartamento. Pensei: moro sozinha, e logo montei a cena: Porta aberta, corpo estendido, vizinho passando, socorro chegando...rsrsrs...sim, tive sangue frio para isso, porque naquele momento eu era a vítima e só dependia de mim para tudo dar certo. 
                                        A cena só ficou na minha cabeça mesmo, porque deu tempo de ir até à vizinha que fecha comigo. Logo avisei que não me sentia bem, deixando as chaves de casa, o número de telefone da minha irmã, pedi para cuidar da minha cachorrinha, até alguém da família chegar, e caminhei três quadras até a emergência do meu plano de saúde. 
Podem perguntar: porque não chamei ambulância? não peguei um taxi?...sei lá... na hora eu me sentia no controle da situação e não acreditava que morreria pelo caminho. E não morri mesmo, como podem perceber!! Na verdade, acreditava que uma boa caminhada me livraria dos gases, de lambuja ,ainda faria um exercício extra, mas não foi bem assim...
                                         Cheguei, meio sem graça, mas sentindo aquele aperto no peito, fui rapidamente atendida, fiz um eletro...Imediatamente fui conduzida a um leito, e logo percebi, que as coisas não estavam tranquilas nem favoráveis para o meu lado, ao ser impedida de levantar para fazer xixi , me apresentaram a uma "comadre" e um médico veio me perguntar se eu estava sozinha. Sim, eu estava! Então pediram para eu ligar para alguém, eu seria conduzida de ambulância para uma unidade coronariana porque deu ruim no meu eletro ( não foram essas palavras dos médicos, mas foi meu entendimento). 
                                        Ok! Liguei para uma amiga, para a vizinha Sandra levar minhas coisas pessoais, para minha irmã, não lembro exatamente em que ordem fiz tudo isso...mas logo o circo estava armado e eu dentro da ambulância com Ana, minha amiga de todas as horas, ainda incrédula e baratinada com tudo aquilo. Estávamos indo para  um hospital credenciado na zona oeste do Rio, tirando selfies para provar a família que estava "bem", e dando início a um capítulo da minha vida que eu nem imaginaria o desfecho. Disso tudo, concluí seguinte : Até para ficar doente é necessário que a saúde esteja em dia, porque aquela caminhada não seria possível se meu condicionamento físico não fosse tão bom.